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  • Foto do escritorSílvia Gomes

Encerrar ciclos

Atualizado: 17 de nov. de 2023




Sei que ainda não é final de ano para balanços, mas...


O segundo semestre de 2023 teve tanto de duro, como de desafiante e, se há coisa que promoveu, foi o cimentar das coisas que eu não quero! Às vezes, posso sentir-me meio que perdida, sem saber o caminho que devo ou que quero seguir, mas sempre tive muito presente aquilo que não quero! Todas as nossas escolhas têm consequências e, mesmo não sabendo bem, às vezes, o que quero, saber o que não quero têm-me ajudado a trilhar caminho.

Obviamente todos nós temos que trabalhar para subsistir mas, sendo que passamos muitas horas do nosso dia no emprego, aquela ideia de que: é o teu trabalho, tens que aguentar; é o teu patrão, tens que aguentar; precisas, tens que te sujeitar; está um pouco ultrapassada, na minha opinião. Acho que é imprescindível o bom ambiente de trabalho. Acho que o emprego tem que ser um sítio onde nos sentimos bem, onde somos respeitados e que, não acontecendo isso, temos mesmo é que sair.

Quem me conhece sabe que, para mim,.é crucial, além do trabalho, ter tempo, ter tempo de qualidade, ter tempo de lazer, de fazer o que nós gostamos, às vezes até ter tempo para simplesmente não fazer nada. Às vezes serve de fuga, de repor energia para enfrentar as batalhas. Essas lufadas de ar fresco, para mim, eram o desporto, ir à praia só estar ali a existir, ver o pôr do sol, apreciar as estrelas, ouvir a chuva cair, estar sentada só a degustar um copo de vinho, ... Durante estes meses deste último semestre de 2023, vi-me sem tempo para estas coisas, o que também acelerou o desgaste que, a dada altura, me caiu em cima, pareceu-me que de uma só vez mas que veio apenas acumulando. Admiro muito quem vive apenas para a família e trabalho mas, para mim, não funciona dessa forma, não digo que um dia não mude, mas por enquanto, preciso dos meus lugares reguladores, dos meus momentos com a natureza, do silêncio, muitas vezes, da minha própria companhia, apenas.

Este discurso todo porque, há uns meses, vi-me a tomar uma decisão que passou por conciliar dois trabalhos. Não teria nada de mal, há imensa gente a fazer o mesmo pelas mais diversas razões e, numa primeira abordagem, eram dois trabalhos dos quais eu gostava. No entanto, um deles ocupava-me a manhã, tinha um período de descanso de cerca de 3 horas e depois trabalhava ,de novo, até às 22h. O que, traduzindo, eu saía de casa antes das 9h e só entrava depois das 22h, o que me desgastou de uma forma que eu não esperava, fez com que eu deixasse para trás coisas na minha vida que eram muito importantes e que serviam de escape para manter a saúde mental, das quais o desporto faz parte. Sentia-me cansada, nestas 3 horas de descanso que tinha entre trabalhos, o último que me apetecia era ir treinar, o facto de o treino ser no local onde trabalhava também não abonava a favor e a verdade é que foi ficando para trás, embora com a consciência de que me estava a fazer falta.

Este segundo semestre tornou-se assim no assumir responsabilidades perante estas decisões que tomei, lidar com as consequências e tomar decisões no sentido de contrariar o caminho que estava a seguir e que não me estava, de todo, a fazer bem. Assim, este segundo semestre tem sido também, um encerrar de ciclos. Alguns duros, dolorosos mas também é quando dói que mais aprendemos. Estes finais de ciclos envolvem relações, claro, algumas que não desejava, outras que sim porque há pessoas que fazem sentido e que tornam os fardos mais leves em determinadas fases das nossas vidas, que nos enriquecem muito, que nos impulsionam mas também é normal que, a dada altura, deixe de fazer sentido, já não acrescente, os objetivos a alcançar sejam inconciliáveis, ou uma das pessoas fica ali parada e a outra continua a querer voar e, amigo não empata amigo e está tudo bem, continuamos a desejar o melhor do mundo mas seguimos caminhos opostos. E falo de amizades!!!

Além do encerrar de ciclos relacional, houve também em contexto de trabalho. Como cheguei a partilhar, no início de novembro foi a última vez que estive na receção do LFitness em Águeda, onde gostei muito de estar. E agora, termina também a minha colaboração no LFitness de Albergaria. Apesar de ter sido um emprego que surgiu, temporário, de não ser na minha área, acabou por ser um lugar onde aprendi muito, como pessoa, que me foi refúgio, muitas vezes, e que me deu a conhecer pessoas absolutamente incríveis que muito admiro. Eu acredito que, muitas vezes, basta um sorriso para melhorar o dia de alguém e aqui, senti que podia oferecer muitos e receber também muitos.

Ciclos são isso mesmo, ciclos e portanto terminam, aliás, nada na vida dura para sempre. Ainda antes do final do ano haverá o fim de mais um ciclo, este muito desejado e que me fará recuperar alguma vontade de sorrir, de viver, de recuperar a luz que tem sido tão rara em mim nos últimos tempos, que sobretudo me fará recuperar paz, de me recuperar pois não me reconheço. Mas que vem também com o medo do incerto que o mesmo traz, não sei bem o que virá a seguir, não há um plano B, sei que preciso recuperar-me e ter paciência e tempo para mim, para isso mesmo. Eu não sou muito de arriscar, gosto de ter as coisas controladas. Será mais um ensinamento, certamente. Às vezes não temos que controlar tudo. Às vezes é só o que tem que ser. Vou só confiar que algo, como tem acontecido sempre, irá surgir. Como estou é que efetivamente não dava para aceitar, não é algo que quero para mim! Trabalhar na área não é motivo suficiente que anule tudo o resto, incluindo a nossa saúde e bem estar.

Em suma estes meses foram bastantes duros e difíceis, como comecei por dizer, colocaram à prova e em causa muita coisa, mas também me obrigaram a ver as coisas de outra fora, a estabelecer prioridades e, lá está, a decidir encerrar ciclos. No fundo, ficou apenas aquilo de que efetivamente preciso. Agora é reconstruir de novo, quando estiver pronta, com a certeza do que não quero mais.

Impossível falar dos fins de ciclos e não falar do fim do campeonato de sprint do qual tinha uma série de expectativas que sairam desfraldadas. E abordar tambem uma espécie de fim, não sei se provisório, se definitivo mas o fim de competir, já andava a comunicar aos mais próximos há algum tempo... Perdi um bocadinho a vontade de competir, continuo a fazer parte da DCI/Trilhos Luso Bussaco e quando eles precisarem de mim para fazer número, lá estarei, é isso uma equipa, mas eu fazer calendários, ter provas que quero ir, não vai acontecer! Eu quero correr quando e se me apetecer, nos dias que me apetecer, nos locais que me apetecer.



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