MIUT - Do sonho a Machico

Atualizado: 28 de abr. de 2023

O MIUT® - Madeira Island Ultra-Trail® é um evento de trail-running organizado pelo Clube de Montanha do Funchal que decorre na ilha da Madeira e que integra cinco provas: MIUT 115, MIUT 85, MIUT 60, MIUT 42 e MIUT 16.

O MIUT decorreu nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2023.

Todos somos feitos de sonhos, mesmo quem se esqueceu de que sabe e pode sonhar. Há sonhos grandes mas não há sonhos pequenos. Um sonho que, para mim, possa parecer utópico, pode ser, para ti, bem simples de realizar... O MIUT representava um sonho para mim, quase desde que comecei a fazer trail que queria fazer esta prova. Por muitos motivos que para aqui não têm relevância, nunca antes se proporcionou. Se não estou em erro, em setembro de 2022 já tinha inscrição, voos e alojamento para que, em 2023, fosse O ANO.

Assim que aterrei, a primeira paragem foi em Machico, levantar o dorsal. Vi logo Joca, Hugo Água Margarida Pestana 😁 o pessoal da organização hiper simpático e bem disposto.

Eu já estava encantada e ainda mal tinha poisado os pés em terra. Aproveitei para passear um pouco que o tempo foi pouco.

Para alguém que adora mar e sente uma paz indescritível dessa forma, este lugar é um pequeno pedaço de paraíso. No horizonte está sempre presente a infinidade de mar que é o Atlântico, nos ouvidos, ora o sotaque maravilhoso e simpático da gentes madeirenses, ora as inúmeras línguas dos também simpáticos turistas, ora o som das ondas a rebentar contra as rochas maetrado pelo canto dos passarinhos.

Neste dia ainda visitei:

Miradouro do Pico do Facho
Miradouro da Ponta do Rosto
Ponta de S. Lourenço

- Miradouro do Guindaste

Fajã do Mar
Santana

Ainda deu para ir espreitando a prova e torcer pelo Luís Fernandes.

O DIA DA PROVA - 16 km's

O dia começou cedo. Às 7h15 concentravamo-nos em Machico para sermos transportados para Santa Cruz, local da partida da prova dos 16 km's. A noite imperava no Funchal, onde fiquei alojada, trazendo uma pitada de mistério e adrenalina adicional. Chegada a Machico, o céu começava a ganhar as tonalidades do sol ainda que, muito suaves.

Santa Cruz tem uma praia muito fofa, muito diferente do areal a que estou habituada, este mais escuro e com bastantes pedras.

Encontrei o colega de equipa William Caetano que fez companhia. Curiosamente, estava muito tranquila... Esta é A PROVA, nada podia correr mal.

Dada a partida e lá fomos... O primeiro quilómetro e meio bastante tranquilo.

A partir do 1,5 km's e até aos 4 km's lembro-me de ter pensado: coitados dos atletas das outras distâncias, já vêm tao moídos e vão se deparar com isto a apenas 15 km's da meta 😬 é que não era só subir, eram escadas e mais escadas e escadas que não acabavam, o acumulado dos 16 km's estava todo aqui.

Valeu a chegada lá cima, com Santa Cruz na retaguarda e uma vista só fenomenal. Muito longe do topo mas já com uma panorâmica maravilhosa, a praia de Danta Cruz lá em baixo, a imensidão do Atlântico do lado esquerdo e todo um trilho por descobrir.

A partir daqui foi quando a querida Carla me fez companhia, já tinha feito reconhecimento e sabia o que nos esperava e disse que daqui em diante era só correr.

De um lado, tínhamos escarpas, do outro e em baixo, toda a infinidade do atlântico, à frente floresta, o canto dos pássaros e uma paz incríveis.

Ando com muita vontade de ir fazer o Caminito del Rey, em Málaga e já fiquei com um pequeno cheirinho :D

O percurso caracteriza-se por muitos single track's ou percursos pouco mais largos do que isso sendo poucas as zonas que dá para ultrapassar (passamos por levadas e alguns percursos pedestres marcados). Pode ser chato para quem quer de facto competir, eu só queria desfrutar. Ainda deu para conhecer o Samuel que andava a fazer piscinas na "provinha" 😁 a dar força à malta. Incrível ver a simpatia dos turistas pelos quais passávamos e a força que davam.

A dada altura deu-me dor de burro que me acompanhou alguns quilómetros e me chateou mas acabei por conseguir reverter. Fora isso não tive qualquer quebra tal como no Louzan Trail, o que é muito bom. Na realidade, não queria que a prova acabasse 😅

O percurso é mesmo incrível, fresquinho, no meio da vegetação, sempre, com apenas um trilho que ali foi colocado para passarmos, a frase relativa a nada deixar nos trilhos além de pegadas faz, ali, ainda mais sentido, quase que dá medo de estragar.

Aos 9 km's, mais coisa menos coisa descemos um pouco. Apesar desta prova não ser muito técnica esta parte tinha algumas pedritas no chão obrigando a cuidado redobrado, mas facilmente corrível.

Voltamos a plano, percorrido em levada, single track, plano. Depois, foi sempre a descer até à meta, aimda havia um menino a dar high five 😍 começa a ouvir-se o burburinho da zona de meta, a voz do Joca, as emoções todas a descer, pessoas à espera daqueles que apoiavam, o friozinho na barriga e arrepios de chegar. Ainda deu para disputar a 6ª posição do escalão com a atleta Emmanuelle Delgrange, francesa, mas ela venceu por 1 segundo :D De qualquer forma, fui a 64ª pessoa a cruzar a meta dos 16 km's, em 341, portanto só posso ficar feliz.

Abastecimentos top, prova bem marcada, organização e voluntários maravilhosos e ainda com preocupação ambiental e ecológica. Fenomenal.

Depois desta prova, é difícil vir outra que compita com esta beleza. Fiquei rendida. Se algum dia me decidir aventurar por distâncias maiores, será claramente nesta prova!

Neste dia acabei por ficar só pelo Funchal, a zona do Porto do Funchal o Museu do CR7, fui também ao Cristo Rei da Ponta do Garajau que é um local lindíssimo. Ainda acabei por encontrar gente de Albergaria :D uma pessoa bem tenta mas não foge às origens. Obrigada pela companhia :)